A mudança faz parte do ser humano. Nosso corpo muda, nossas vontades mudam, os ambientes que frequentamos, os amores e os endereços mudam. A vida não é uma linha inerte que segue inabalável, na realidade ela está mais para uma palpitação onde as tensões e os relaxamentos ditam o ritmo.
Nos últimos anos fiz desse blog uma parte de mim. Construí o hábito da escrita - uma escrita emocional, sem muito pensamento - e a coragem de me expor, mas, no momento, envolta pela aura das mudanças, resolvi abandoná-lo. Não um abandono completo, pois sou autocentrada e egoísta demais para isso. Ele permanecerá aqui para que eu possa me visitar de vez em quando e lembrar quem fui, quem ainda quero ser e quem deixei pra trás nesses anos que morreram.
Não que um blog mude a vida de alguém, obviamente, mas entender a construção de um recomeço, por mais fútil que ele seja, é dar um passo para construções e recomeços maiores.
Recomecemos!
www.redutodaspalavras.blogspot.com
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
domingo, 20 de janeiro de 2013
Somos nossos próprios demônios
DEMÔNIOS. O sujeito apaixonado tem às vezes a impressão de estar possuído por um demônio de linguagem que faz com que ele se fira e se expulse - como diz Goethe - do paraíso que, em outros momentos, a relação amorosa constitui para ele.
1. Uma força precisa arrasta minha linguagem para o mal que posso fazer a mim mesmo: o regime motor do meu discurso é a roda livre: minha linguagem aumenta de volume, sem nenhum pensamento tático da realidade. Procuro me fazer mal, expulso a mim mesmo do meu paraíso, me empenhando em procurar em mim imagens (de ciúme, de abandono, de humilhação) que me podem ferir; e, aberta a ferida, eu a sustento, e a alimento com outras imagens, até que uma outra ferida venha desviar a atenção.
2. O demônio é plural ("Meu nome é Legião", Lucas 7-30). Quando o demônio é repelido, quando finalmente lhe impus silêncio (por acaso ou lutando), um outro levanta a cabeça ao lado e começa a falar. A vida demoníaca de um enamorado parece com a superfície de uma solfatara; bolhas enormes (quentes e pastosas) estouram uma atrás da outra; quando uma se desfaz e se acalma, retorna à massa, uma outra, mais longe, se forma, cresce. As bolhas "Desespero", "Ciúme", "Exclusão", "Desejo", "Conduta Indecisa", "Medo de perder o rosto"(o mais malvado dos demônios) fazem "ploc" uma atrás da outra, numa ordem indeterminada: a própria desordem da natureza.
3. Como repelir um demônio (velho problema)? Os demônios, sobretudo se são de linguagem (e poderiam ser de outra coisa?), são combatidos pela linguagem. Posso portanto ter esperança de exorcizar a palavra demoníaca que me é soprada (por mim mesmo) substituindo-a (se tenho o talento da linguagem) por uma outra palavra, mais calma (caminho para a eufemia). Assim: eu acreditava ter finalmente saído da crise, quando numa loqüela - favorecida por uma longa viagem de carro - toma conta de mim, agito constantemente no pensamento o desejo, a saudade, a agressão do outro; e acrescento a essa ferida o desânimo de ter que constatar que recaio; mas o vocabulário é uma verdadeira farmacopéia (veneno de um lado, remédio do outro): não, não é uma recaída, é só um último sobressalto do demônio interior.
trecho do livro Fragmentos de um discurso amoroso - Roland Barthes
1. Uma força precisa arrasta minha linguagem para o mal que posso fazer a mim mesmo: o regime motor do meu discurso é a roda livre: minha linguagem aumenta de volume, sem nenhum pensamento tático da realidade. Procuro me fazer mal, expulso a mim mesmo do meu paraíso, me empenhando em procurar em mim imagens (de ciúme, de abandono, de humilhação) que me podem ferir; e, aberta a ferida, eu a sustento, e a alimento com outras imagens, até que uma outra ferida venha desviar a atenção.
2. O demônio é plural ("Meu nome é Legião", Lucas 7-30). Quando o demônio é repelido, quando finalmente lhe impus silêncio (por acaso ou lutando), um outro levanta a cabeça ao lado e começa a falar. A vida demoníaca de um enamorado parece com a superfície de uma solfatara; bolhas enormes (quentes e pastosas) estouram uma atrás da outra; quando uma se desfaz e se acalma, retorna à massa, uma outra, mais longe, se forma, cresce. As bolhas "Desespero", "Ciúme", "Exclusão", "Desejo", "Conduta Indecisa", "Medo de perder o rosto"(o mais malvado dos demônios) fazem "ploc" uma atrás da outra, numa ordem indeterminada: a própria desordem da natureza.
3. Como repelir um demônio (velho problema)? Os demônios, sobretudo se são de linguagem (e poderiam ser de outra coisa?), são combatidos pela linguagem. Posso portanto ter esperança de exorcizar a palavra demoníaca que me é soprada (por mim mesmo) substituindo-a (se tenho o talento da linguagem) por uma outra palavra, mais calma (caminho para a eufemia). Assim: eu acreditava ter finalmente saído da crise, quando numa loqüela - favorecida por uma longa viagem de carro - toma conta de mim, agito constantemente no pensamento o desejo, a saudade, a agressão do outro; e acrescento a essa ferida o desânimo de ter que constatar que recaio; mas o vocabulário é uma verdadeira farmacopéia (veneno de um lado, remédio do outro): não, não é uma recaída, é só um último sobressalto do demônio interior.
trecho do livro Fragmentos de um discurso amoroso - Roland Barthes
segunda-feira, 7 de janeiro de 2013
"[...] Ela dizia: "Quando uma pessoa vive de verdade, todos os outros também vivem."E todos os animais, nós incluídos, por meros momentos, voltávamos a ser selvagens.
Ela queria dizer que, quando uma criatura resolve se dedicar a viver de modo mais pleno possível, muitas outras que estiverem por perto se "deixarão contagiar". Apesar das barreiras, do confinamento, até mesmo de lesões, se alguém se determinar a superar tudo para viver plenamente, a partir daí os outros também o farão, e esses outros incluem filhos, companheiros, amigos, colegas de trabalho, desconhecidos, animais e flores. "Quando uma pessoa vive de verdade, todos os outros também vivem." Esse é o principal imperativo da mulher sábia. Viver para que os outros também se inspirem. Viver do nosso próprio jeito vibrante para que outros aprendam conosco."
sábado, 5 de janeiro de 2013
365 dias de vida
Mas, não adianta ter planos, projetos aprovados, mandatos assumidos, tudo arrumadinho sobre a mesa. Pois, aí vem Saturno, aquele planeta tão temido quanto um pai severo, mas com o qual podemos começar a dialogar. Um pai pode cometer erros de avaliação ou nos conhecer menos do que pensa. Saturno nunca erra, porque sua voz sai de dentro de nós. Impõe foco, coragem e determinação; aponta nossas fraquezas, preguiças e, principalmente, revela nossa sombra.
Planejamento, escolhas, disciplina e reflexão!
Como de praxe, as previsões para o ano novo por Evinha Duarte. Que venha 2013!
(Limites, que não os tem?)
As coisas não vão andar por si sós. Nossas decisões serão importantes a cada passo, a cada movimento das escamas douradas da Serpente, que começa a mandar no mundo em fevereiro. Para potencializar o poder desta cobra, é preciso prever cada centímetro antes de se movimentar. Caso contrário, o risco de ir sem chegar a lugar nenhum, girando em forma de rotina qual Ouroboros, é grande. Para quem estiver preparado, a ofídia vai ficar virada que nem uma Kundalini.
(Ofídia boa!!! Uhuuu!!!)
E o sentimento, não conta? Sempre conta! E com a carta deste ano, então! Haja sentimento! Com a regência dOs Enamorados, precisamos de muita atenção para que nossas escolhas não sejam feitas só com o coração. O poder de decidir, o livre-arbítrio, está aí para que possamos definir nossas vidas, redesenhá-las, reaprumá-las. Decisões tomadas, a carta VI sugere fortalecimento de laços, casamentos, sociedades sólidas.
(Vou ali varrer meu pé e já volto!)
E nem sonhe em fazer tudo isso só. O número Seis (2+0+1+3) vem para mostrar a importância do trabalho em grupo, das parcerias. É hora de juntar o povo para fazer junto e em prol do coletivo, seja em família ou com amigos. Um número que traz em si as vibrações do amor, da beleza e da saúde, mas também o idealismo, por isso devemos ter cuidado com a frustração. Nem todo mundo está na mesma vibe. ;)Planejamento, escolhas, disciplina e reflexão!
Como de praxe, as previsões para o ano novo por Evinha Duarte. Que venha 2013!
sexta-feira, 4 de janeiro de 2013
Da Fuga
Perdi-me muitas vezes pelo mar,
o ouvido cheio de flores recém cortadas,
a língua cheia de amor e de agonia.
Muitas vezes perdi-me pelo mar,
como me perco no coração de alguns meninos.
como me perco no coração de alguns meninos.
Não há noite em que, ao dar um beijo,
não sinta o sorriso das pessoas sem rosto,
não sinta o sorriso das pessoas sem rosto,
nem há ninguém que, ao tocar um recém-nascido,
se esqueça das imóveis caveiras de cavalo.
Porque as rosas buscam na frente uma dura paisagem de osso
e as mãos do homem não têm mais sentido
senão imitar as raízes sob a terra.
Como me perco no coração de alguns meninos,
perdi-me muitas vezes pelo mar.
Ignorante da água vou buscando uma morte de luz que me consuma.
Federico García Lorca
terça-feira, 1 de janeiro de 2013
Existe algo mais sem sentido do que amar alguém? Amar alguém por um longo tempo, com todas as (in)conveniências que a convivência pode oferecer. Amar no sussuro, nos gritos e nos bocejos. É desacreditar numa vida sem. A ausência sendo um quase não viver, sendo uma perfuração não necessariamente no seu peito, mas nas suas tripas.
O amor, esse maldito, causa palpitações e tiques nervosos, sorrisos imbecis e coceira de raiva. Ter o outro é viver em um eterno conflito entre a as pequenas alegrias e a intranquilidade da ânsia por cometer um homicídio.
A vida pode ser mais simples.
O amor, esse maldito, causa palpitações e tiques nervosos, sorrisos imbecis e coceira de raiva. Ter o outro é viver em um eterno conflito entre a as pequenas alegrias e a intranquilidade da ânsia por cometer um homicídio.
A vida pode ser mais simples.
Lembrei de esquecer
Não dá pé
Não tem pé, nem cabeça
Não tem ninguém que mereça
Não tem coração que esqueça
Não tem jeito mesmo
Não tem dó no peito
Não tem nem talvez ter feito
O que você me fez desapareça
Cresça e desapareça
Não tem pé, nem cabeça
Não tem ninguém que mereça
Não tem coração que esqueça
Não tem jeito mesmo
Não tem dó no peito
Não tem nem talvez ter feito
O que você me fez desapareça
Cresça e desapareça
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