quarta-feira, 23 de maio de 2007

Entre o fim e o começo;

segunda-feira, 21 de maio de 2007

De Leminski

   O QUE PASSOU, PASSOU?


Antigamente, se morria
1907, digamos, aquilo sim
é que era morrer.
Morria gente todo dia,
e morria com muito prazer,
já que todo mundo sabia
que o Juízo, afinal, viria,
e todo mundo ia renascer.
Morria-se praticamente de tudo.
De doença, de parto, de tosse.
E ainda se morria de amor,
como se amar morte fosse.
Pra morrer, bastava um susto,
um lenço no vento, um suspiro e pronto,
lá se ia nosso defunto
para a terra dos pés juntos.
Dia de anos, casamento, batizado,
morrer era um tipo de festa,
uma das coisas da vida,
como ser ou não ser convidado.
O escândalo era de praxe.
Mas os danos eram pequenos.
Descansou. Partiu. Deus o tenha.
Sempre alguém tinha uma frase
que deixava aquilo mais ou menos.
Tinha coisas que matavam na certa.
Pepino com leite, vento encanado,
praga de velha e amor mal curado.
Tinha coisas que têm que morrer,
tinha coisas que têm que matar.
A honra, a terra e o sangue
mandou muita gente praquele lugar.
Que mais podia um velho fazer,
nos idos de 1916,
a não ser pegar pneumonia,
e virar fotografia?
Ninguém vivia pra sempre.
Afinal, a vida é um upa.
Não deu pra ir mais além.
Quem mandou não ser devoto
de Santo Inácio de Acapulco,
Menino Jesus de Praga?
O diabo anda solto.
Aqui se faz, aqui se paga.
Almoçou e fez a barba,
tomou banho e foi no vento.
Agora, vamos ao testamento.
Hoje, a morte está difícil.
Tem recursos, tem asilos, tem remédios.
Agora, a morte tem limites.
E, em caso de necessidade,
a ciência da eternidade
inventou a criônica.
Hoje, sim, pessoal, a vida é crônica.





domingo, 20 de maio de 2007

Teatro Mágico

Hoje às 17h, na praça do Arsenal (Recife Antigo) vai acontecer o show da trupe "Teatro Mágico".
A primeira vez que eu ouvi falar desses jovens clowns foi por uma matéria no Jornal Hoje. Confesso que no começo da entrevista achei que era uma prospota nova de alguma coisa nova, e no final da matéria eu ia saber exatamente do que se tratava. .. Eis o problema. A entrevista acabou e eu fiquei sem saber qual seria a proposta desse grupo circense tão inovador. Pra não criar pré-conceitos, eu resolvi pesquisar a respeito; Entrei no site oficial, mas esse não esclareceu nada. Abandonei as pesquisar virtuais e comecei a procurar saber por amigos e conhecidos, mas só encontrei fãs histéricos que assim como eu, não sabem bem explicar do que se trata o tão falado "Teatro Mágico"; E quando já cansada de procurar, achei por acaso uma entrevista com o vocalista, entre outros assuntos ele fala das influências musicais do grupo:
"Temos como referência o grupo Secos & Molhados, Mutantes, Antônio Carlos Nóbrega, O Cordel do Fogo Encantado, Lenine, Tom Zé, Nação Zumbi... De alguma forma, a musicalidade de Pernambuco nos influencia. Mas misturamos tudo. Reggae, hip hop, temo violino guitarra, flauta. Queremos misturar tudo no palco."

Eu não tenho absolutamente nada contra misturar circo, teatro, música, literatura, poesia; Mas qual o real fundamento disso? Na mesma entrevista o vocalista cita que ninguém do grupo tinha experiência com teatro, até que fizeram uma oficina com os Doutores da alegria onde aprenderam a cantar, dançar e fazer malabares. Vou hoje para praça do Arsenal, não só para rever meus conceitos sobre eles, mas para ver as tantas outras atrações circenses, que infelizmente não foram tão divulgadas; Eu aposto que essas têm um significado muito maior, em vez de simplesmente querer juntar adolescentes usando narizes de palhaço.

Manuel Bandeira

Belo Belo


Belo belo minha bela
Tenho tudo que não quero
Não tenho nada que quero
Não quero óculos nem tosse
Nem obrigação de voto
Quero quero
Quero a solidão dos píncaros
A água da fonte escondida
A rosa que floresceu
Sobre a escarpa inacessível
A luz da primeira estrela
Piscando no lusco-fusco
Quero quero
Quero dar a volta ao mundo
Só num navio de vela
Quero rever Pernambuco
Quero ver Bagdá e Cusco
Quero quero
Quero o moreno de Estela
Quero a brancura de Elisa
Quero a saliva de Bela
Quero as sardas de Adalgisa
Quero quero tanta coisa
Belo belo
Mas basta de lero-lero
Vida noves fora zero.

sábado, 19 de maio de 2007

Cotidiano

-Chegaram as compras! Quem vem ajudar a carregar?
-Ah Eva, vai lá, vai! To cansado demais.
-Claro, painho, eu entendo. Afinal, ser extravagante e disposto é demais, né?
-Claro! Onipotência, é?!