quinta-feira, 20 de março de 2008

da beleza dos dias.

Primeiro pensamento ao acordar: ah não, sair chovendo não...!
E foi seguindo a filosofia da cama e dos cobertores que passei quase uma hora cochilando, acordando, tomando coragem, cochilando de novo. Um dia de chuva dificilmente é apreciado de cara.
Raramente alguém diz "que belo dia de chuva!"; ainda não aprenderam a gostar dos dias monocromáticos. É uma pena. Tenho a impressão que o mundo ganha um aspecto diferente. O mundo se aqueta mesmo sem nem perceber. E isso não diz respeito só a mudança climática, mas nas mudanças de comportamento das pessoas.
Os guarda-chuvas dos homens (preto tradicional, transparente, xadrez) competem pelo espaço das ruas com as sombrinhas de estampas exageradas das senhoras. Crianças vestindo capas e galochas da mesma cor! Elas ficam tão onipotentes dentro dessas vestes; dá a impressão que os seus mundos não se abalam por nada. No fim terminam sempre secos e salvos nos seus respectivos destinos.
Nas paradas de ônibus pessoas se amontoam com medo dos chuviscos. Uma das raras ocasiões onde desconhecidos se aproximam. As aproximações podem ser forçadas, mas dependendo da demora das lotações as relações podem até se estreitar!
As calhas das casas no eterno pinga pinga; os pés sujos de lama daqueles que optaram por deixá-los seminus; os ensopados correndo em busca de abrigo; as praças abandonadas pelos aposentados, assíduos jogadores de qualquer coisa; os atrasos por causa do engarrafamentos; as boas desculpas que se pode inventar para se atrasar num dia como esse; as pessoas saindo empacotadas (casacos, botas, calças pesadas) embora o termômetro nem chegue aos 20°...
E é assim que a cidade, eterna escrava do verão, brinca um pouco de inverno.

3 comentários:

  1. sobre essas coisas de chover ou fazer sol... acho bonito dia de sol e feio dia de chuva e chovo em eus de sol e faço sol nos meus chuviscos, ou ardo já no sol ou molho já chovido, isso quando não bonito as chuvaradas, ou mesmo quando não queimo o sol. Às vezes, ainda, o sol fica chei d'água e a chuva toda quente... sei não, vinha.

    só sei que não uso guarda-chuvas nem bronzeador. Sou triste e sou feliz.

    e beijo bem grandão pra ti, coisinha.

    ResponderExcluir
  2. foi numa tarde dessas molhada e sem guarda-chuva que entendi o porquê de estar presa embaixo de uma pestana da Conde da Boa Vista. foi só pra te encontrar.
    sempre um prazer!
    beijos, querida!

    ResponderExcluir