É domingo, um dos seus vizinhos resolve compartilhar seu novo cd de pagode com o resto da rua.
O que fazer?
( ) coloca um som mais alto que o dele
( ) grita um sonoro PUTAQUEPARIU
( ) fingi que nada está acontecendo e continua com suas atividades normais
(x) arquiteta um homicídio repleto de sofrimento e dor
acordei um pouco impaciente hoje.
domingo, 30 de março de 2008
quinta-feira, 20 de março de 2008
da beleza dos dias.
Primeiro pensamento ao acordar: ah não, sair chovendo não...!
E foi seguindo a filosofia da cama e dos cobertores que passei quase uma hora cochilando, acordando, tomando coragem, cochilando de novo. Um dia de chuva dificilmente é apreciado de cara.
Raramente alguém diz "que belo dia de chuva!"; ainda não aprenderam a gostar dos dias monocromáticos. É uma pena. Tenho a impressão que o mundo ganha um aspecto diferente. O mundo se aqueta mesmo sem nem perceber. E isso não diz respeito só a mudança climática, mas nas mudanças de comportamento das pessoas.
Os guarda-chuvas dos homens (preto tradicional, transparente, xadrez) competem pelo espaço das ruas com as sombrinhas de estampas exageradas das senhoras. Crianças vestindo capas e galochas da mesma cor! Elas ficam tão onipotentes dentro dessas vestes; dá a impressão que os seus mundos não se abalam por nada. No fim terminam sempre secos e salvos nos seus respectivos destinos.
Nas paradas de ônibus pessoas se amontoam com medo dos chuviscos. Uma das raras ocasiões onde desconhecidos se aproximam. As aproximações podem ser forçadas, mas dependendo da demora das lotações as relações podem até se estreitar!
As calhas das casas no eterno pinga pinga; os pés sujos de lama daqueles que optaram por deixá-los seminus; os ensopados correndo em busca de abrigo; as praças abandonadas pelos aposentados, assíduos jogadores de qualquer coisa; os atrasos por causa do engarrafamentos; as boas desculpas que se pode inventar para se atrasar num dia como esse; as pessoas saindo empacotadas (casacos, botas, calças pesadas) embora o termômetro nem chegue aos 20°...
E é assim que a cidade, eterna escrava do verão, brinca um pouco de inverno.
segunda-feira, 17 de março de 2008
O homem segura o jornal cuja a capa é sobre o seu time que havia sido campeão de alguma coisa. Segurava e ria de felicidade e sadismo dos outros companheiros de trabalho que torciam para o time adversário. Assim foi todo o seu dia de trabalho: gracinhas, piadinhas, deboches... Chegava a cansar os transeuntes. Aquele deveria ser o dia mais feliz da sua vida, e eu não entendia se isso era bom ou triste...
Durante um bom tempo preferi esnobá-lo. Não me culpava, era recíproco.
Era como um trato: eu o notava mas fingia que não, e ele, na sua euforia, nem me olhava. Até o momento que viu a minha combinação alvirubra (montada ao acaso); inclinou um pouco o corpo e perguntou esperançoso "você é do náutico?" ! Tive medo, confesso. Ele queria mais era que eu afirmasse(!), mas depois de ter me recostado mais na grade, respondi "não, eu não tenho time". Ele voltou ao seu posto desolado, tenho certeza. Imagine só a maravilha que seria encontrar uma alvirubrazinha indefesa um dia depois da grande derrota para o seu time! Seria ali que ele despejaria todo seu sadismo futebolístico! Se retirou. Porém não me deu nem cinco minutos de sossego... Voltou com alguma coisa na mão, talvez um grapeador ituano ou algum outro objeto de escritório soando ameaçador. Foi aí que começou o processo de intimidação. Fitava o horizonte e grampeava o ar com rapidez...
Aqueles 'clicks' me faziam ter certeza que era pena o meu sentimento pelo rubronegro. Parando para observar aquela era mesmo a única alegria dele. O trabalho naquele cursinho deveria ser insuportável. Alunos chatos, professores engraçadinhos (típicos de cursinho), coordenadoras engajadas (o que as tornava mais chatas que os alunos), secretárias nenhum pouco gostosas... Só restava meia dúzia de homens na mesma condição que ele (e usando o mesmo uniforme verde limão) e alguns taxistas batendo ponto na esquina. Os únicos com quem poderia liberar testosterona em paz...
De segunda a sábado sua vida era mais uma vidinha...
Mas no domingo...?! No domingo a vida pulsava! Saia fora do seu controle!
Era ali que ele descontava os aborrecimentos dos outros dias. Deixava o cargo de porteiro e se transformava em alguém muito maior, muito mais importante. Vestia uma camisa e se orgulhava disso, já que na vidinha a única camisa que ele vestia era ridiculamente verde limão, e isso não seria motivo de orgulho para ninguém.
domingo, 16 de março de 2008
Confraria das Sedutoras
"Eu não consigo me controlar
Tenho o demônio da carne no corpo
Sonho acordada na escuridão da minha cela
Utilizo os dedos pra provocar sensações proibidas
Eu não sei explicar como isso acontece
Eu sinto um formigamento percorrer o meu corpo
E algo se desprende e caminha em direção a você"
Pecadora, interpretada por Simone Spoladore.
Mais: http://www.myspace.com/3namassa
Tenho o demônio da carne no corpo
Sonho acordada na escuridão da minha cela
Utilizo os dedos pra provocar sensações proibidas
Eu não sei explicar como isso acontece
Eu sinto um formigamento percorrer o meu corpo
E algo se desprende e caminha em direção a você"
Pecadora, interpretada por Simone Spoladore.
Mais: http://www.myspace.com/3namassa
domingo, 2 de março de 2008
Dois de Março
Nas datas comemorativas acontece uma coisa estranha com os mortais, parece que a ficha cai e eles notam a real importância das pessoas que os rodeiam. Isso é bem frequente nos aniversários (ou, em casos mais extremos, nas fatalidades). Então todos lembram, sentem saudade, querem encontrar e ainda saem lambuzando o aniversariante com todo o amor e o carinho que, desconfio, deve ter ficado guardado durante um ano inteiro, esperando um “dia especial” para poder se rebelar...! (Eles são realmente estranhos!)
Não duvido que sejam sentimentos verdadeiros, pelo contrário. Mas é aí que está o problema! Não deveria existir um dia em especial para declarar seu afeto por alguém; não, isso deveria ser um exercício constante! (Com moderação para não banalizar!) Mas nós deveríamos ser mais presentes... mesmo com as ausências, mesmo nos dias que é impossível achar disposição pro mundo e para chatice humana...
Então apertamos o botão que infla o ego e viramos todas as atenções para os nossos respectivos umbigos; e esquecemos. Esquecemos com uma facilidade impressionante...
Não é por mal, sabemos que não.
Eu, mais uma na ala dos mortais que não aprenderam a se fazer presente na vida do outros e ainda conseguir viver a minha, não evolui ao ponto de deixar de lado essas convenções de datas... Ao mesmo tempo, para começo da evolução, me recuso a encontrar contigo num dois de março a tarde para falar meia dúzia de besteiras, tomar uma cerveja e voltar pra casa com a sensação de dever cumprido. “Pronto, dividi meu tempo com alguém num dia especial para essa pessoa... Agora eu posso voltar pro meu umbigo!”
Não! Fujamos disso!
A preferência é que seja como todos os outros dias banais das nossas vidas; com sala da casa da avó, com risadas, doces e implicâncias.
Porque para mim isso vale mais que um simples “parabéns, jade”.
Não duvido que sejam sentimentos verdadeiros, pelo contrário. Mas é aí que está o problema! Não deveria existir um dia em especial para declarar seu afeto por alguém; não, isso deveria ser um exercício constante! (Com moderação para não banalizar!) Mas nós deveríamos ser mais presentes... mesmo com as ausências, mesmo nos dias que é impossível achar disposição pro mundo e para chatice humana...
Então apertamos o botão que infla o ego e viramos todas as atenções para os nossos respectivos umbigos; e esquecemos. Esquecemos com uma facilidade impressionante...
Não é por mal, sabemos que não.
Eu, mais uma na ala dos mortais que não aprenderam a se fazer presente na vida do outros e ainda conseguir viver a minha, não evolui ao ponto de deixar de lado essas convenções de datas... Ao mesmo tempo, para começo da evolução, me recuso a encontrar contigo num dois de março a tarde para falar meia dúzia de besteiras, tomar uma cerveja e voltar pra casa com a sensação de dever cumprido. “Pronto, dividi meu tempo com alguém num dia especial para essa pessoa... Agora eu posso voltar pro meu umbigo!”
Não! Fujamos disso!
A preferência é que seja como todos os outros dias banais das nossas vidas; com sala da casa da avó, com risadas, doces e implicâncias.
Porque para mim isso vale mais que um simples “parabéns, jade”.
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