Atraída apenas pela beleza do cartaz de divulgação, fui assistir Romance.
Li uma coisa ou outra sobre a narrativa - "o que Tristão & Isolda tem a ver com Guel Arraes?” – mas não cheguei a me aprofundar. Preferi me despir de idéias ou de expectativas. Até agora não sei se foi a melhor opção.
O filme começa com um belo texto sobre o amor romântico: "o amor correspondido infeliz". E quando eu quase acreditei que Guel Arraes tinha inserido um pouco realidade no seu mise en scène - afinal não se tratava de um filme de época nem de uma comédia, logo algo diferente estava por vir –, percebi um diretor extremamente apegado aos próprios costumes. É possível ver cenas idênticas a Lisbela e o prisioneiro e a O Auto da Compadecida. Falta ao diretor, reciclagem.
A comédia não necessariamente precisava ser banida, de forma alguma, essa é a peculiaridade de Guel – e identidade é o diferencial de um diretor, mesmo se reciclando ou inovando ele jamais a perderia. Porém se a idéia não é contar uma história cômica, e sim romântica e até mesmo trágica, por que os elementos da interpretação de cada personagem não foram construídos com mais cautela?
Em relação ao casal protagonista, palmas para Wagner Moura que tenta em vários momentos romper a barreira entre o texto e a interpretação – um obstáculo enorme, diga-se de passagem. Tanto que o Pedro é um personagem bastante tangível. Mesmo ele sendo tão repetitivo quanto os outros, podemos crer nas suas idéias, na sua existência. Infelizmente Letícia Sabatella não foi tão feliz nesse desafio. Ana, a protagonista do filme, terminou sendo uma personagem vaga e, óbvio, repetitiva. Diferente de Pedro, a existência dela não afeta quem está assistindo. Teoricamente ela é o sentimento que liga toda a história, quem cria todos os nós da trama. Na prática, Ana de tanto levantar a bandeira do amor e do sentimento, termina virando mais uma mocinha piegas, superficial.
Já outros atores como Marco Nanini e José Wilker salvam o filme. Eles conseguem quebrar o clima romântico (leia-se sacal) que a narrativa propõe e dão ao filme dinamismo e comédia – pontos onde a boa e velha direção Guel Arraneana ganha destaque.
O grande problema é de fato a narrativa. O texto é duro, didático, difícil de ser aplicado à vida real. Mais de duas horas de pura repetição: Amor, Tristão, Morte, Isolda, Sofrimento, Amor, Tristão, Morte, Isolda, Sofrimento, Amor...
O filme passa todo o tempo se explicando; o espectador não tem em momento algum o mérito de desvendar algo por si só.
Sem uma definição concreta, Romance fica entre a comédia romântica / pastelão e o drama, mas não consegue se apropriar de nenhum dos dois gêneros. Nem um tema como o amor, capaz de causar identificação quase imediata, consegue quebrar o gelo que paira entre o espectador e a projeção.
Li uma coisa ou outra sobre a narrativa - "o que Tristão & Isolda tem a ver com Guel Arraes?” – mas não cheguei a me aprofundar. Preferi me despir de idéias ou de expectativas. Até agora não sei se foi a melhor opção.
O filme começa com um belo texto sobre o amor romântico: "o amor correspondido infeliz". E quando eu quase acreditei que Guel Arraes tinha inserido um pouco realidade no seu mise en scène - afinal não se tratava de um filme de época nem de uma comédia, logo algo diferente estava por vir –, percebi um diretor extremamente apegado aos próprios costumes. É possível ver cenas idênticas a Lisbela e o prisioneiro e a O Auto da Compadecida. Falta ao diretor, reciclagem.
A comédia não necessariamente precisava ser banida, de forma alguma, essa é a peculiaridade de Guel – e identidade é o diferencial de um diretor, mesmo se reciclando ou inovando ele jamais a perderia. Porém se a idéia não é contar uma história cômica, e sim romântica e até mesmo trágica, por que os elementos da interpretação de cada personagem não foram construídos com mais cautela?
Em relação ao casal protagonista, palmas para Wagner Moura que tenta em vários momentos romper a barreira entre o texto e a interpretação – um obstáculo enorme, diga-se de passagem. Tanto que o Pedro é um personagem bastante tangível. Mesmo ele sendo tão repetitivo quanto os outros, podemos crer nas suas idéias, na sua existência. Infelizmente Letícia Sabatella não foi tão feliz nesse desafio. Ana, a protagonista do filme, terminou sendo uma personagem vaga e, óbvio, repetitiva. Diferente de Pedro, a existência dela não afeta quem está assistindo. Teoricamente ela é o sentimento que liga toda a história, quem cria todos os nós da trama. Na prática, Ana de tanto levantar a bandeira do amor e do sentimento, termina virando mais uma mocinha piegas, superficial.
Já outros atores como Marco Nanini e José Wilker salvam o filme. Eles conseguem quebrar o clima romântico (leia-se sacal) que a narrativa propõe e dão ao filme dinamismo e comédia – pontos onde a boa e velha direção Guel Arraneana ganha destaque.
O grande problema é de fato a narrativa. O texto é duro, didático, difícil de ser aplicado à vida real. Mais de duas horas de pura repetição: Amor, Tristão, Morte, Isolda, Sofrimento, Amor, Tristão, Morte, Isolda, Sofrimento, Amor...
O filme passa todo o tempo se explicando; o espectador não tem em momento algum o mérito de desvendar algo por si só.
Sem uma definição concreta, Romance fica entre a comédia romântica / pastelão e o drama, mas não consegue se apropriar de nenhum dos dois gêneros. Nem um tema como o amor, capaz de causar identificação quase imediata, consegue quebrar o gelo que paira entre o espectador e a projeção.
:D
ResponderExcluirtô numa crise existencial de comentários, aí depois que esbocei essa carinha horrivel ai em cima e postei, vi: mermao que tosco.
ResponderExcluirmas aí era mais pra dizer que eu li, acho.
Nem li tudo, foi mais pra dá uma passadinha por aqui. To voltando! ^^
ResponderExcluir;*
a repetida explicação de algo pode levar a grandes questões, inclusive à mais acessível: será que é isso mesmo?
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