terça-feira, 2 de outubro de 2007

à A.

A . tinha mãos atentas; e o dedo médio praticamente do mesmo tamanho do anelar, que eram fundamentais na sua arte de “resolver” tudo. Era tão prática... Sabia como ninguém qual seria o melhor roteiro: passeio turístico ou aventura em ilhas desconhecidas? Pizzaria em família ou Mc donald's no carro?!
Don't worry, ela resolve!
Tinha olhos de retórica, prontos para ferir, tanto um acanhado quanto um efusivo “discordo”; ora com piedade ora com desprezo, ambos completamente declarados. Nunca ligou muito para críticas; pelo menos nunca aparentou. Se desgostava o desprezo era certo. Caso gostasse apelidava e até retribuía sorrisos. Infelizmente com o tempo os sorrisos ficaram meticulosos e os apelidos viraram nomes e sobrenomes, ditos até com um pouco de ironia.

Em momento algum cheguei a desacreditar em seus bons sentimentos. Sofria, e bastante. Mais por si do que pelo resto, é verdade, mas nem por isso deixava de sofrer. Do resto ela tendia ao abandono sempre que havia uma oportunidade, porém dificilmente conseguia se desprender de seus antigos patrimônios por completo. Normalmente voltava para visitas casuais, assim como quem não quer nada, nem querendo estar ali, sabe...? Sempre estava. Se fazia presente; natais e aniversários, então...
Metamorfose-ou-se inúmeras vezes querendo não ser mais reconhecida.
Criava planos de fuga (in)falíveis! Finalmente conseguiu o que tanto queria: mudar.
E mudou(-se) tanto que hoje é dúvida aos mais próximos...
A . tinha aquele sorriso extravagante dependendo do sarcasmo e, muito provavelmente, da vítima da piada. Não a julgava por isso...Não, não a julgava.
Assim ela se fazia bonita; acredite, ela fazia-o bem.
Por vezes terminava se rendendo aos cosméticos rejuvenecedores, mas sem grandes exageros, claro.

[...]

A . tinha mãos reticentes...

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