Morrer, pra mim, não é uma especialidade - na realidade não é de nenhum ser humano, ao menos não no sentido literal -, muito menos deixar que morra. Minha habilidade sempre esteve em permanecer, não importando as condições, os incômodos ou desgaste. Fui construindo, desse modo, um balaio de permanências capengas: dei privilégios aos restos em detrimento da consistência.
Hoje, repleta de restos, fico procurando quais as peças que faltam do quebra-cabeça... Se ao menos esses pedaços formassem algo eu poderia mantê-los comigo, por segurança. Espalhei os pedaços, montei. Desmontei. Montei novamente. Nada. Nada além de uma formação amorfa e desencaixada. A permanência era minha; os restos, dos outros.
- Minha querida, permanências não são renascimentos, são apenas ossadas.
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