O vermelho sempre incomodou Wilma
desde criança era afeita a frutas
verduras e andanças sozinha pelo quintal
Não gostava de carne
comidas picantes
sabores fora da rotina
Demonstração de afagos calorosos
e no máximo permitia um alisado nos cabelos
Todos a acham estranha
aquela menina pacata
quase opaca e despercebida
Até as brincadeiras
eram sussuradas no canto da parede
onde nem as bonecas falavam
Foi pondo-se moça
Sem saber nem se interessar por nada
seu universo era o timão branco
e a fita azul no pescoço
usados em nome de Maria
Um dia o sangue escorreu por suas pernas
e quase enlouqueceu
A menina invisível foi exposta
ao corpo da casa
e a mãe se apressou em costurar paninhos
e a mal explicar
o motivo da mudança
Todos mês era motivos de chacota
das irmãs
e os paninhos lavados em suplício
Por não saber conviver com o vermelho
não tinha coragem de cortar os pulsos
Um dia ousou olhar-se no espelho
e viu-se em peitos
ganhando cor e jeito de mulher
As cólicas passaram
conheceu o modess
e o desejo decenal se instalou
Entre o décimo e o vigésimo dia
Punha-se em calores por entre as pernas
E sabia-se pronta para a presa
Namorou vários homens
Aprendeu a gostar de sexo
E muito depois a gozar
Com a passar do tempo
A vida instalou-se no quarto
E o novo fez morada nos cabides
Aos quarenta anos
Wilma descobriu os dias vermelhos
As noites molhadas
A máquina de lavar para o lençol branco
E que pela manhã o desejo não tem cor
Já não sefaz Wilmas como antigamente
ResponderExcluirAs Wilmas de hoje, já nasce sabendo
Amei seu blog
Se permites te sigo carinhosamente
Abraços
Preciosa Maria
Ou talvez as Wilmas de hoje passem por outras transições que as de antigamente nem sonhavam conhecer.
ResponderExcluirObrigada pela visita e pelo comentário. ;]