quinta-feira, 5 de maio de 2011

aleatório e pontual

Existe justiça na morte? Uma razão tangível para alguém deixar de existir? Ou será que a morte, essa persona non grata, age de modo aleatório, escolhendo seu novo inquilino ao acaso? Será que ela traça planos e monta armadilhas em lugares específicos para o primeiro desavisado que passar...? Isso faria valer o dito popular "no lugar errado, na hora errada". Então quantas armadilhas ela deve ter deixado pelo caminho hoje? Cairei em alguma durante o dia?
Pensar na morte é boiar sozinho em um oceano de incertezas, sem saber qual a melhor opção: definir um sentido e nadar cegamente em direção a ele ou apenas se deixar levar pela correnteza. Talvez, com um pouco de sorte, ela tenha piedade e coloque novamente os seus pés na terra. Talvez não. Como fazer brotar piedade na morte? Não sei. Da indesejada das gentes só sei que em um dia banal ela entra na sua casa sem a menor cerimônia (talvez bem na hora do almoço), se aproxima e adormece seu corpo com um beijo suave, deixando a sua cara ir de encontro com o prato de feijão recém servido.

A morte simplesmente é. Um é sem humanidade alguma.
Humanos, meus caros, somos nós - humanos e ingênuos por esperar humanidade do inumano.

3 comentários:

  1. ela entra destemida e te leva com ela.

    incrível.

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  2. A morte é, sem dúvida a única certeza ante a hipótese da vida, que até a morte ceifa sem aviso prévio, mas não creio mate a vida...

    E o que a morte toma se não um corpo que servia por aqui de oráculo?

    O que desse oráculo seguiu em frente, ao alto ou no interior, ninguém sabe, mas existem inúmeras hipóteses, porque a vida é mesmo uma hipótese, diante da certeza da morte.

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  3. Não é fácil teorizar (ou poetizar) a morte. Mas aí está este teu belo trabalho.

    Gostei muito dos teus textos.
    Ponho-me a seguir este blog, certamente!

    Abraços!

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